Fui dormir com um velhote para um palheiro para ele me ensinar umas quadras. Ele disse-me aquilo duas vezes, depois deixei-me dormir. Ao outro dia, comecei a fazer aquilo, a ver se era capaz de acertar aquilo tudo. Sei até quarenta, quarenta militares. O mote era assim,:
O dez deu uma facada, o vinte estava deitado, o trinta baila o fandango e o quarenta bate o fado.
Número um estava a dormir
O dois a dormir também
Foram buscar o três a bem
O quatro não quis cá vir
O cinco estava-se a rir
O seis tocara a alvorada
O sete com uma espingarda meteu o oito no quartel
O nove com um punhal no dez deu uma facada
E o onze com uma bebedeira rogou a Deus uma praga
O treze deu uma descarga no catorze por brincadêra
E o quinze com a mesma ciguêra de ver o dezasseis zangado
E o dezassete estava escamado
O dezoito picado o dezanove ia dar
No vinte que estava deitado
Vinte e um em cavaquinho
Vinte e dois rebeca
Vinte e três é velho careca
Vinte e quatro num cantinho
Vinte e cinco paga o vinho
Vinte e seis eu cá não mando
Vinte sete recheia o frango
Vinte e oito de barro
Vinte e nove toca guitarra
E o trinta baila o fandango
Trinta e um é tendêro
Trinta e dois vende alfinetes
Trinta e três é cornetêro
Trinta e quatro é aguadêro
Trinta e cinco é marcenêro
Trinta e seis é meu criado
Trinta e sete é mal mandado
Trinta e oito faz o que quer
Trinta e nove baila o salter
E o quarente bate o fado
António José Lourenço
Moreanes