

As meninas da Malhada
As meninas da Malhada são umas, não são todas calçam dois pares de meias para lhes parecerem as pernas gordas.
Uma história escutada no poial de uma casa será contada no largo de outra aldeia
No mundo vivem-se tempos únicos, em que se impõe aos cidadãos comportamentos igualmente únicos de distanciamento e isolamento social e físico.
Acreditamos na importância de promover a arte e a cultura como um bem essencial. Tanto acreditamos, que consideramos que urge passar à acção e por isto vamos ao encontro das pessoas mais isoladas, contamos-lhes histórias e convidamo-las a connosco partilharem as suas.
Destas ofertas e encontros resultam recolhas que partilhamos e devolvemos à comunidade de modos diversos. Recontamos as histórias noutros lugares, divulgamos na plataforma digital, publicamos os contos e as fotografias, pomos ‘no ar’ na rádio e na internet, criamos projectos artísticos de proximidade à comunidade e à paisagem.Somos artistas e pessoas que valorizam a cultura, a arte, as histórias e o património imaterial, e é essa riqueza que queremos que seja o fio que tecerá a rede de proximidade entre os territórios que compõem o concelho de Mértola.
Depois de lançados os primeiros novelos, os fios vão-se desenrolando saindo de cada aldeia a caminho de outra. Uma história escutada no poial de uma casa será contada no largo de uma outra aldeia, e assim se trocarão, para além das histórias, as memórias, as vivências dos tempos antigos, mas também dos tempos actuais e inusitados. Teremos como premissas e pontos de partida alguns temas que serão indutores dos nossos diálogos com a população: a solidariedade, a distância e os direitos fundamentais; e, sobre estes assuntos gostaríamos de escutar cada um e cada uma a expressar as suas ideias e sentimentos. Prevemos que se poderão, com surpresa, vir a conhecer situações e histórias de vida próximas e semelhantes, mesmo que vividas em espaços diferentes, tal como será natural a descoberta e a constatação da diversidade.
Acreditamos que esta partilha poderá alimentar sentimentos de empatia e que com esta se amplie a solidariedade entre as pessoas. Sonhamos com o dia em que todas estas pessoas desejem encontrar-se, não sabemos se o poderão fazer, mas cuidaremos que, com os meios à nossa disposição, cada vez mais possam aproximar-se.
De Boca em Boca – histórias a nutrir comunidades é um projecto cultural e artístico de reactivação do acto de contar em comunidade, iniciado no Concelho de Mértola em 2020.
Propomos levar histórias e contos às portas, às ruas e aos largos de sobretudo das comunidades mais isoladas, tal como vimos chegar a muitas casas o pão e a água, através da iniciativa de entidades locais. Acreditamos que entender a arte e a cultura como bens essenciais é também um pressuposto para se garantir que todos/as continuam a ter acesso à criação artística contemporânea, seja enquanto público e/ou artistas.
Actuamos num território interior que parece feito de desaparecimentos, de pessoas que se foram, de lugares vazios, de objectos perdidos, mas tem gente que continua viva, com memória e gosto em partilhar. Neste interior, aonde hoje cresce o isolamento acentuado pela pandemia, vamos vendo desvanecer os modos de vida e as estórias guardadas nos corpos dos antigos(as) que todos os dias se vão, esvaziando de memórias aqueles(as) que ficam. Assim, na mesma medida em que reclamamos para a arte o seu caracter essencial, assumimos a responsabilidade enquanto artistas de contribuir com o nosso trabalho para a recolha, preservação, recriação e transformação da cultura e sociedade em que vivemos. Por esta razão, De Boca em Boca propõe-se ser um projecto artístico que prevê pesquisa, tratamento de material, experimentação, criação e apresentação.
Os acontecimentos actuais que advêm de vivermos uma pandemia, quer pela forma como limitam o contacto físico e social em geral, quer pela consequente ausência de actividade artística performativa ao vivo, colocam-nos diversas reflexões sobre as artes performativas em comunidade. A primeira, tem a ver com as possibilidades, modos e meios de dar continuidade a uma actividade que depende do corpo e da relação com o outro. Tendo consciência de que é, por agora, necessário adiar o contacto físico, acreditamos que é ainda assim possível e desejável manter o encontro de presenças, mesmo que com o devido distanciamento. Mais, cremos que é essencial agir prontamente num território caracterizado pela desertificação, onde a população sofre há muito o isolamento, o envelhecimento, a info-exclusão e tem baixos níveis de literacia, em geral.
Palas razões enumeradas, a maior parte das nossas acções é presencial e alimenta-se da proximidade social. Ainda assim, integrámos no projecto uma plataforma digital, que nos permite apresentar as actividades realizadas, partilhar materiais recolhidos e manter contacto com pessoas distantes (mais ainda em tempos de pandemia). Pensamos também que a utilização de recursos digitais na criação em artes performativas em comunidade deve ser entendida como válida por si, e não apenas como um mal menor, por impossibilidade determinada pelas restrições que agora vivemos. Por isso, este espaço terá em potência a possibilidade de vir ser a explorado para interacções à distância com outras pessoas, nomeadamente, artistas ou investigadores.
Se é natural que durante os momentos de investigação-acção o olhar artístico se detenha também nas ruas, lugares agora esvaziados de gente, pensamos que nunca a rua precisará tanto de ser celebrada como depois dos tempos que agora vivemos. Por isso, prevemos como evolução natural deste processo de criação, que um dia se retome o contacto físico, se visitem as casas, se abracem as pessoas, se ensaie e crie em conjunto, num grande movimento de celebração. Igualmente, como resultado das nossas reflexões sobre arte contemporânea na sua relação com a comunidade, esperamos que este projecto contribua para alimentar o desejo, de arte, de criação e de convívio. Sonhamos com um momento de festa comunitária, que ocupe as ruas, as casas e espaços culturais (museus, biblioteca, teatro…) onde sejam partilhadas experiências e olhares artísticos, sob a forma de um espectáculo comunitário. Os espaços constituir-se-ão como cenário e a obra performativa surgirá na relação com outros elementos artísticos, culturais e de origem comunitária.
Cooperar com outros parceiros locais na redução do risco de isolamento social e cultural, promover mais oportunidades no acesso à arte e à cultura (a par de outros bens essenciais);
promover a literatura oral e a leitura;
contribuir para a recolha da tradição oral no Concelho;
participar na vida e actividade cultural e social do Concelho de Mértola;
aumentar a confiança e o sentimento de pertença a uma comunidade;
promover o uso de histórias pessoais para exercer uma cidadania ativa e construir memórias coletivas;
reforçar a resiliência e a criação de narrativas positivas sobre as situações vividas e sobre o futuro;
desenvolver a criação artística e cultural nos tempos atuais;
promover a disseminação de boas práticas de trabalho em projecto que envolvem arte e comunidade;
nutrir o desejo de arte, cultura e convívio.
As meninas da Malhada são umas, não são todas calçam dois pares de meias para lhes parecerem as pernas gordas.
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