Chegaram a um lavrador, tinha ali uma grande seara e disseram agora vamos tomar esta seara de empreitada, nesse tempo iam lá levar a comida ao lugar do trabalho, quantos são perguntaram-lhes?
-Por enquanto somos só dois.
À hora do almoço, às 9 horas, ia lá a senhora com as sopas, estavam os dois deitados e nada ceifado. Ao meio-dia deitados estavam eles. Passaram ali uns dois ou três dias e nada, o patrão já estava irritado, foi levar-lhes o almoço e eles deitados, estava o São Pedro à ponta e Nosso Senhor ao canto, ainda não começaram? Uma sova no que estava á ponta que era o São Pedro, em Nosso Senhor não tocou.
Bom, abalou, eles lá comeram, à tarde veio outra vez, nada. Bom, amanhã se isto não estiver começado, hoje levou o da ponta, amanhã leva o do canto.
No outro dia o mesmo barulho, estava tudo na mesma, São Pedro como tinha levado uma sova à ponta, mudou-se para o canto, ora outra sova e o outro que estava na ponta, nada.
Disseram, vamos a começar, vamos a fazer qualquer coisa, o outro diz nan, deixa estar, temos tempo. No outro dia de manhã quando ele estava dormindo, vai, puxa fogo à seara, o Deus Nosso Senhor, ao fim de um bocadinho estava tudo em molhos. Acordou o São Pedro, viu ainda o fumo e disse agora já sei, não tomo empreitadas contigo, agora tomo eu sozinho.
Foi à de um lavrador, tomou uma grande empreitada, ao fim de dois ou três dias estava tudo assim meio amarroado, um dia deu-lhe na cabeça puxou fogo aquilo, veio o patrão, outra sova.
Não dava conta do recado, era assim que eles trabalhavam naquele tempo.
José Cardeira Alves
Vale do Poço
7/11/21